quinta-feira, 1 de março de 2012


Gato & Sapato
PUBLICAÇÃO: 01.03.2012

DORA KRAMER

Quer dizer, posições municipais não guardam necessariamente relação com planos nacionais e os ministérios estão aí mesmo para servir como moeda de troca desde que atendido o pré-requisito da obediência total.

Novidade? Nenhuma, a não ser a desenvoltura na exposição do conceito de que a meta é a hegemonia e o preço é a submissão de quem aceitar aderir a ele.

Pecado? Nenhum. Pode-se até discordar dos métodos, mas o PT está no papel dele. Se equívoco há é dos partidos aliados, notadamente o PMDB. Internamente eles exalam ressentimento, mas internamente comportam-se com a passividade dos que não enxergam uma alternativa, mas também não se dispõem a construí-la.

De onde continuam docemente prestando-se ao papel de gato e sapato com medo de sofrer derrotas, com receio de que o exercício do contraditório possa levá-los (e certamente levaria, segundo as regras em vigor) à perda das migalhas que o dono da bola acha conveniente lhes fornecer.

A formação das alianças para a eleição presidencial mostrou isso e as negociações em andamento com vistas ao pleito municipal confirmam: o PT só apoia candidatos de outros partidos de sua base onde não tem chance de concorrer ou onde essa aliança representa algum ganho futuro.

O atendimento ao interesse do outro não entra no jogo, a mão dupla não é levada em conta na parceria. Com isso a insatisfação cresce e as mágoas se avolumam, num ambiente de venha a nós e, ao vosso reino, nada. Tem dado certo. Até o dia em que, por obra de um curto-circuito qualquer, começar a dar errado. (Estadão)

POSTADO PELO ESTADÃO SP